Fênomeno ocorre de duas a três vezes por ano na primavera, segundo meteorologista
Um estudo pioneiro no Brasil, desenvolvido por pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) alerta para o aumento de raios ultravioletas no Sul do país durante a primavera. A pesquisa do doutorando em Meteorologia Lucas Vaz Peres, 31 anos, identificou um fenômeno chamado "efeito secundário do buraco de ozônio Antártico". Nesta primavera, o fenômeno deve acontecer entre esta quarta-feira e sexta-feira. O especialista comenta que a população deve ter um cuidado maior com a saúde em dias com índice elevado de radiação. Plantas e animais também podem sentir os efeitos.
Segundo o pesquisador do Inpe, o evento ocorre de duas a três vezes por ano, em média, somente na primavera. Nos últimos 30 anos, ele foi registrado 68 vezes no país.
— Esse fenômeno ocorre em função da circulação de uma massa de ar polar pobre em ozônio vinda da região Antártica. Nesses dias, a radiação deve ser semelhante a que é constatada no verão. Ele impacta no aumento de 15% a 20% na radiação ultravioleta B (UVB) — explica o meteorologista, que não descarta outra incidência do fenômeno até novembro.
Estufas ajudam a reduzir raios UVB sobre as plantas
Além de afetar a vida das pessoas, o alto índice de Raios Ultravioletas (UV), que variam de 1 a 14, segundo o pesquisador, atinge também as plantas e os animais. Em períodos normais, sem a incidência do fenômeno, o índice de UV na primavera fica entre 5 e 9. Com o fenômeno, os raios ficam entre 12 e 13 — índice semelhante ao do verão quando os raios UV ficam na média de 10 a 12.
— Quando há uma redução de 1% no índice de ozônio, pode gerar um aumento de até 2% na radiação ultravioleta do tipo B. Isso afeta diretamente a vida das pessoas, podendo causar melanomas, entre outras doenças. Nas plantas, reduz a fotossíntese. Já nos animais, pode diminuir as espécies de anfíbios — relata Peres, explicando que os danos são causados a longo prazo, sob exposições frequentes aos raios.
Conforme o meteorologista, uma das saídas para que os efeitos sejam minimizados nas plantações é a utilização de estufas. Já para a população, os danos à saúde podem ser reduzidos com ações simples, como o uso de protetor solar, boné e tentar evitar, ao máximo, a exposição ao sol das 10h30min às 15h.
A IMPORTÂNCIA DA CAMADA DE OZÔNIO
— A camada de ozônio é responsável por filtrar aproximadamente 95% dos raios ultravioleta B (UVB) emitidos pelo Sol que atingem o planeta Terra. Funciona como uma espécie de capa protetora. Quando os raios UVB estão mais intensos, a capacidade de fotossíntese das plantas diminui. Além disso, a longo prazo, faz com que apareçam casos de câncer de pele, catarata e alergias. O sistema imunológico também é afetado
— O fenômeno conhecido como "buraco na camada de ozônio" ocorre quando a camada fica mais fina, permitindo uma maior quantidade de raios ultravioleta na Terra
— Essa incidência ocorre em determinadas épocas do ano, quando acontecem reações químicas na atmosfera, como o fenômeno do efeito secundário do buraco de ozônio Antártico
— A emissão de substâncias químicas produzidas pelo homem têm agravado o processo ao longo dos anos. O principal problema é a emissão de clorofluorcarbonos (CFCs). Os CFCs estão presentes, principalmente, em aerossóis, ar-condicionado, gás de geladeira, espumas plásticas e solventes
DIÁRIO DE SANTA MARIA / Zero Hora
Postado Por Levi de Oliveira
Social Midia