No primeiro dia de Encontro esteve
em pauta a atual conjuntura do país
Iniciou
ontem, 25, o Encontro Estadual do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) na
sede da comunidade da Linha Lajeado Bonito, em Seberi/RS. Camponeses de todo o
Rio Grande do Sul chegaram na manhã de ontem na localidade para juntos debater
e construir novas propostas sobre o direito do camponês de produzir, comer e
vender alimentos saudáveis. Somente durante o período da tarde de ontem, 24,
mais de trezentos e cinquenta camponeses de todo o estado gaúcho participaram
do encontro estadual.
Marcelo
Leal, da direção nacional do MPA oficializou o início do Encontro e ressaltou a
importância deste momento que é de preparação para o Congresso Nacional do MPA
que acontecerá em outubro, no município de São Bernardo do Campo em São Paulo.
O
prefeito municipal de Seberi, Renato Gemelli Bonadiman, em pronunciamento,
destacou a importância da valorização dos jovens que permanecem no campo e deste
momento proporcionado pelo Encontro, que visa discutir os rumos que a produção
camponesa irá tomar. Ressaltou também a importância de se produzir alimentos agroecológicos
na luta pela soberania alimentar.
A
convergência entre objetivos dos movimentos (MPA E MST) foi destaque na fala de
Cedenir de Oliveira, coordenador estadual do Movimento dos Trabalhadores Sem
Terra (MST). Ele ressaltou que na atual conjuntura não basta a terra, é preciso
lançar ao camponês o desafio de cultivar a terra e produzir alimentos de
qualidade, momento em que os objetivos dos Movimentos se cruzam.
Os
debatedores da tarde Jorge Branco, do diretório do Partido dos Trabalhadores
(PT), Charles Reginatto, da coordenação nacional do MPA e Milton Viário da
Federação dos Metalúrgicos, fizeram uma análise da atual conjuntura que vive o
nosso país e discutiram quais os rumos que a agricultura camponesa deve
assumir.
Plano
Camponês em destaque
O tema central do debate desta manhã foi o Plano
Camponês. Foram trazidos para a formação assuntos como a questão agrária no
Brasil, a formação do campesinato brasileiro e o surgimento do Movimento dos
Pequenos Agricultores.
Gerson Borges da coordenação estadual do MPA, um
dos debatedores, questionou os camponeses presentes: “Mas afinal, quem somos
nós, camponeses?” e trouxe respostas ao questionamento, relatando a colonização
que ocorreu no Brasil e a formação múltipla do campesinato brasileiro, que
agrega em si diversas culturas.
A debatedora Rosieli Ludtke da coordenação nacional do MPA destacou a
necessidade de se criar um projeto de desenvolvimento da agricultura pensado
pelos camponeses, uma vez que atualmente são os grandes proprietários de terra
e produtores que definem como se encaminhará a agricultura no Brasil.
As ações desenvolvidas pelo MPA para a
concretização e experimento de projetos agroecológicos foi a pauta da fala de Débora
Varoli e Miquéli Sturbelle Schiavon, ambos da coordenação estadual. Eles
trouxeram aos camponeses de todo o Estado uma síntese das ações que estão sendo
viabilizadas pelo MPA. Foi elencado o resgate das sementes crioulas, a extensão
rural, a utilização das ervas medicinais, as cooperativas, as agroflorestas, a utilização
de farinhas de rocha e biofertilizantes e a formação como instrumento para
elevar o nível de consciência sobre o processo produtivo agroecológico.
Pelo direito de produzir, comer e vender
alimentos saudáveis
É por esse direito que os camponeses Sirlei e Eli
lutam. Eles residem na Linha Progresso, na zona rural do município de Seberi e
trabalham com a terra há mais de quinze anos.
A Sirlei é encarregada de fazer a feira na zona
urbana do município. Toda a semana leva as diversas hortaliças e doces que
produz com dedicação para a feira e vende para os munícipes seberienses. Relata
a camponesa que a venda é satisfatória, mas reforça a necessidade de se criar
uma consciência na sociedade em relação aos produtos agroecológicos. A
camponesa ressalta que a rentabilidade é maior, sem falar no ganho em saúde e
qualidade de vida.
O casal pede pela facilitação da venda de seus
produtos. Em relato eles destacam a dificuldade de vender alimentos como o
melado, açúcar-mascavo e rapadura, produtos que fazem há anos, com muito
cuidado e respeito pelas pessoas que irão consumir, afinal, o mesmo que vai
para a sua mesa, é o que eles colocarão na tenda de alimentos que o consumidor
poderá comprar.
Feira Livre no Encontro
Um espaço para a comercialização de produtos
camponeses está disponível no Encontro Estadual do MPA. Lá os participantes e
visitantes podem adquirir produtos artesanais, sementes e alimentos produzidos
pelos próprios camponeses.
.
Confira a programação:
DIA 26,
sexta-feira
9h até 11h30min
– Atuação
do MPA nos próximos dois anos
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